4 de outubro de 2009

Ciência busca novas concepções de estudos para achar vida ET

Na busca por vida extraterrestre, alguns cientistas dizem que nós estamos nos concentrando demais em encontrar sinais de existência como a conhecemos, e que no processo, pode estar faltando às formas mais estranhas de vida que não dependem de água ou do metabolismo de carbono.

Agora, pesquisadores da Áustria, começaram um estudo sistemático de outros solventes além da água que podem ser capazes de suportar vida fora do nosso planeta. Eles estão esperando que esta pesquisa leve a uma mudança no que eles chamam de "mentalidade geocêntrica" das nossas tentativas de detectar vida extraterrestre.

"Com a nossa estratégia de avaliação da existência da vida em outros planetas, só seremos capazes de detectar vida que compartilha a maioria de seus parâmetros com a vida terrestre", informou o astrobiólogo Johannes Leitner, da Universidade de Viena, que apresentou sua pesquisa nesta sexta-feira no Congresso Europeu de Ciência Planetária na Alemanha. "Hoje nós não somos capazes de detectar a vida exótica, porque não temos idéia de suas propriedades em potencial e por isso, nossas sondas de superfícies planetárias não carregam instrumentos que podem procurar algo exótico".

Por exemplo, disse Leitner, podemos enviar robôs a Marte carregando anticorpos que detectam vestígios de produtos químicos e bactérias que indicam vida, mas porque não podemos deixar de produzir anticorpos para substâncias conhecidas, este método será limitado à conclusão da vida como no planeta Terra.

"Quando tentamos encontrar uma definição para a vida, na maioria dos casos, essa definição é mais um resumo das propriedades específicas da vida terrestre", disse Leitner. Porque a vida na Terra requer água, a maior parte da busca de vida extraterrestre, até agora tem sido focado numa "zona habitável", ou numa região relativamente estreita em torno de uma estrela onde a água líquida poderia existir.

Mas a água é líquida somente entre zero e cem graus Celsius, outros solventes são líquidos em uma faixa de temperatura muito maior. Por exemplo, porque a amônia permanece líquida a uma temperatura mais baixa, um oceano de amônia poderia existir em um planeta muito mais longe de sua estrela anfitriã. Ao explorar as propriedades potenciais dos solventes, como o ácido sulfúrico e formamida, os investigadores esperam expandir o potencial da zona de sustentação da vida.

Os pesquisadores austríacos não são certamente os primeiros a considerar a possibilidade de vidas exóticas apoiadas através de um solvente não aquoso. Segundo Ariel Anbar, chefe do programa de astrobiologia na Universidade Estadual do Arizona, a idéia existe desde 1954, quando J.B.S. Haldane especulou que a amônia poderia ser capaz de sustentar vida num simpósio sobre a origem da vida.

"A hipótese de solventes alternativos certamente pode ser plausível, embora não seja comprovada inteiramente, porque a vida que não conhecemos é muito difícil de estudar, por isso o tema tem recebido menos atenção do que merece", acrescentou Anbar.

A equipe de Leitner está começando sua busca pela vida exótica para investigar as propriedades térmicas e bioquímicas dos solventes em potencial, com especial incidência sobre a capacidade de cada substância de sustentar um metabolismo sem carbono na base. "Nós sabemos, por exemplo, que um metabolismo a base de carbono-oxigênio simplesmente não vai funcionar em num meio de ácido sulfúrico, amônia ou solventes", disse Leitner em um comunicado à imprensa. "Se existe vida na atmosfera venusiana, ela provavelmente não será da mesma forma como a vida na Terra."

Por enquanto, Anbar, diz que a nossa busca por vida extraterrestre está mais limitada ao nosso acesso a ambientes extraterrestres do que por nossa concepção de como a vida pode parecer. "Entretanto, como plano de futuras missões a Marte e em outros lugares, principalmente Titã", disse ele, "é como começamos a examinar as perspectivas de vida no sistema solar diferente da nossa, que estão sendo descobertas em um ritmo rápido, é importante começar a pensar em "vida estranha" para que não se perca alguma coisa debaixo de nossos narizes".

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